Janet Malcolm, a investigadora
A escritora tcheco-americana Janet Malcolm (Foto Nina Subin / Divulgação)
Hoje ela é, preto no branco, uma das maiores jornalistas vivas, mas houve um tempo em que as coisas foram mais róseas para Janet Malcolm. Nascida em Praga em 1934, emigrou para os EUA aos cinco anos e começou escrevendo, no fim dos anos 1960, resenhas de livros infantis, artigos sobre design, moda e compras de Natal – então, somente figuras como Lillian Ross, autora de Filme (1952), conseguiam realizar alta literatura de não ficção em revistas e livros. Seu texto navegava na superficialidade fútil que ela mais tarde condenaria com altas doses de veneno. Na época, o marido de Janet, Donald Malcolm, era crítico de teatro off-Broadway na New Yorker; foi ele quem a levou para a notória casa de jornalismo literário onde reinaram figuras como Gay Talese e Joseph Mitchell. O marido morreu em 1975; mais tarde Janet Malcolm se casou com seu editor na revista, Gardner Botsford. Mais fumante que uma locomotiva, largaria o cigarro, e também aquele jornalismo do início de sua carreira, em grande estilo, mas seguiria, feito locomotiva, derrubando os assuntos mais difíceis que surgissem pela frente.
Ao trabalhar na reportagem “Espelho de fundo falso”, sobre as mentiras e as verdades na psicanálise, passou uma hora por semana, durante dois meses, atrás de um espelho de fundo falso em uma sala de observação, munida de cadernos de notas e um gravador daqueles de rolo, testemunhando as sessões de terapia de uma família, em uma clínica psiquiátrica. Quando terminou o extenso período de apuração, tinha perdido a necessidade de nicotina. E tinha também
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