Um golpe contra o socialismo
O general Augusto Pinochet encontra-se com Henry Kissinger, assessor de segurança nacional do presidente estadunidense Richard Nixon, em 1976 (Foto: Biblioteca Nacional de Chile)
O ano de 1973 trouxe mais um duro golpe para a esquerda latino-americana. O país de Allende que tinha acolhido centenas de brasileiros que se exilaram após a vitória da Unidade Popular sofreria um ataque vil dos militares liderados pelo então comandante do Exército chileno, Augusto Pinochet.
Não foi um raio em céu azul, é verdade. Notícias que chegavam aqui denunciavam que estava em marcha um movimento orquestrado pela CIA e pelas forças de extrema direita chilena para pôr abaixo um governo popular que havia realizado a reforma agrária e nacionalizado os bancos, as principais indústrias e o cobre, minério mais importante para o fortalecimento das divisas daquele país andino.
Apesar de sabermos que o governo Allende era alvo dos Estados Unidos através da CIA e dos reacionários chilenos, no fundo não queríamos acreditar que o golpe pudesse se concretizar e muito menos da forma como ocorreu.
As imagens do bombardeio ao La Moneda, que eu só veria quando saísse da prisão, mais ou menos um ano depois, eram demolidoras em todos os sentidos. A experiência chilena de construção do socialismo pelo voto popular havia sido brutalmente esmagada pelos coturnos.
Para mim, 1973 também foi o ano que mais diretamente impactou minha vida durante os Anos de Chumbo. Foi nesse período que perdi vários amigos assassinados pela repressão, na tortura ou nas tocaias montadas pelos milicos nas ruas da capital paulista. Eu também seria preso, em março daquele ano, por agentes do DOI-Codi de São Paulo.
Eram tempos terríveis para quem decidira en
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