“A gente é a floresta”

“A gente é a floresta”
Txai Suruí durante a COP26, ocorrida em Glasgow, na Escócia, em novembro de 2021 (Foto: Gabriel Uchida)
  “Tenho 24 anos, mas o meu povo vive há pelo menos seis mil anos na floresta Amazônica”, disse Walelasoetxeige Paiter, chamada de Txai Suruí, ao falar na abertura da COP26, a Conferência das Partes da ONU sobre Mudanças Climáticas, ocorrida em novembro de 2021 em Glasgow, Escócia. “A terra está falando e nos diz que não temos mais tempo”, disse ela em seu discurso.“Amanhã a ferida será maior e mais profunda”, completou numa breve citação das companheiras zapatistas, uma inspiração na defesa das terras indígenas e da justiça climática. Chamou atenção que durante seu discurso na COP você citou o zapatismo. De onde vem seu vínculo, quais são os pontos de contato entre o que você pensa, a trajetória do povo Suruí e o zapatismo? A parte que eu cito é uma carta das mulheres zapatistas para o mundo. “Vamos continuar pensando que com pomadas e analgésicos os golpes de hoje se resolvem, embora saibamos que amanhã a ferida será maior e mais profunda?” O zapatismo é uma referência para os povos indígenas, inclusive aquele vestido vermelho que eu estava usando veio dos indígenas do México, meu pai recebeu de presente quando esteve lá. Minha roupa foi muito criticada, diziam que Txai estava fantasiada. Só que tudo ali era uma simbologia, eu estava ali não só representando meu povo, mas todos os povos indígenas. Eu já tinha ouvido sobre o zapatismo, o Gabriel também é louco pelos zapatistas, aí eu consegui me aprofundar mais com nosso relacionamento. Eles são referência de autonomia. São um povo combatente mesmo...

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