Física sensível ou a Irrupção Marighella

Física sensível ou a Irrupção Marighella
O líder guerrilheiro Carlos Marighella (Foto: Arquivo Nacional)
  Quis a história – e seus contadores oficiais – que Carlos Marighella ficasse mundialmente conhecido por sua reação ao golpe civil-militar de 1964, que o levou à morte numa emboscada covarde no ano de 1969. Mas os caminhos que revelam a singularidade dessa existência, que insiste em aparecer, nos exigem mais. Neste Brasil de 2021, interregno de luz e sombra, onde aparecem os fantasmas, como nos lembra Antonio Gramsci, evoco aqueles capazes de espantar o escuro da violenta noite em que mergulhamos. No dia 23 de agosto de 1929, Carlos Marighella, que àquela altura era um estudante de 5º ano do Ginásio da Bahia, enfrentou uma prova de Física com versos. Segundo Mário Magalhães, em sua monumental biografia Marighella: o guerrilheiro que incendiou o mundo, não ficou registro da avaliação da prova, mas é sabido que o professor lhe respondeu com um soneto e que, naquele ano, o aluno rebelde receberia a média de 8,2 na matéria. Aquele gesto dissensual foi profusamente difundido e, hoje, constitui referência inequívoca (quase pop) do imaginário e da estética marighellistas. Tenho para mim que o próprio gesto se tornou uma imagem política viva. Transmitida boca a boca, mas não muito distante do Marighella vive! pichado de maneira autônoma e descentralizada em muros de todo o Brasil. São essas as verdadeiras avenidas Marighella. Desde criança convivo com a eterna ausência do meu avô, que se tornou presença viva e ancestral na qual deposito esperanças e curo feridas. É nessa ancestralidade que alinho minha subjetividade em crise ao

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