Robert Downey Jr. em entrevista à CULT
Marília Kodic
De jaqueta preta de couro e gel no cabelo, o bad boy da cena hollywoodiana Robert Downey Jr. recebeu a CULT no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, para falar de seu novo filme, Sherlock Holmes: um jogo de sombras. Bem-humorado, descreveu assim a personagem – “O superpoder dele é seu cérebro, é a razão, a dedução”.
Recém-chegado no Brasil, o ator, que já teve sérios problemas com drogas, lamentou ter vindo ao país a trabalho: “A parte da minha alma que normalmente estaria ligada está silenciada porque estou aqui a negócios”.
Destacou também a dificuldade em fazer a sequência da série: “Foi muito, muito complicado porque tínhamos muitas pessoas inteligentes certas de que sabiam o que devíamos fazer. E eu sou uma delas”. Ele anunciou que haverá uma continuação.
Donwey Jr. protagonizou filmes como os da franquia Homem de Ferro (2008, 2010 e 2012) e O Incrível Hulk (2008), além de estrelar as comédias Trovão Tropical (2008) e Um Parto de Viagem (2010) e os dramas Garotos Incríveis (2000) e Boa Noite, e Boa Sorte (2005).
CULT – Você participou de duas grandes franquias nos últimos 5 anos (Homem de Ferro e Sherlock Holmes). Foi estressante?
Robert Downey Jr. – Não. Eu gostaria de dizer que os filmes é que são o estressante na minha vida, mas a realidade é que é estressante. Filmes são fáceis, embora haja uma expectativa grande.
Como se sente fazendo o papel de Sherlock?
É divertido, mas também diferente. Em Homem de Ferro, não sou tão descolado e, como Tony Stark [de Homem de Ferro] eu não sou tão inteligente. É sempre surpreendente para mim que você consegue fazer uma experiência em 2h.
Assisto a Trovão Tropical e penso “Eu sou negro. Eu sou um lindo homem negro”. Por um minuto, acredito naquilo. Mas esse é o desafio, não é? Ao invés de me estressar, quando eu estou ok e a vida está ok, os filmes são algo alegre porque retratam algo que não sou, e isso parece real.
Como foi interpretar novamente Sherlock Holmes?
Me tornou faminto, porque tudo se torna entediante depois de um tempo. Fico entediado comigo mesmo. Então há muitas coisas que você pode mudar. Estou casado novamente agora, tenho a garota certa, então não vou mudar isso. Entende o que quero dizer? Temos uma casa e alguns gatinhos, não vou mudar os gatinhos. Então é bom mudar as coisas no campo criativo.
Você teve participação criativa no filme, no que se refere às falas, roupas, atitudes do personagem, etc.?
Sim, tudo. Infelizmente, eu tenho uma opinião sobre tudo [risos].
Falando em opinião, qual filme prefere entre este e o primeiro?
Bom, você nunca esquece a primeira vez. Havia algo de puro e inocente no primeiro. Estávamos descobrindo as possibilidades. E fazer o segundo foi muito, muito complicado porque tínhamos muitas pessoas inteligentes, certas de que sabiam o que devíamos fazer. E eu sou uma delas. E eu dizia ‘bem, eu estou fazendo o papel do cara, então eu acho que…’, ou qualquer coisa assim.
As novelas de Arthur Conan Doyle [criador de Sherlock Holmes] foram uma referência para você?
Sim, quer dizer, tanto quanto qualquer outra coisa que li. Ninguém queria fazer um filme de acordo com o livro. Então Lionel Wigram, que também é o produtor de Harry Potter, fez uma história em quadrinhos, para fazer uma graphic novel de Sherlock Holmes e então vender aos estúdios. Eu li o livro, mas se você pensar em Sherlock, você pensa em um filme em preto e branco, uma versão anos 1970, um cara gordo e um magro… então houve uma oportunidade de reinventá-lo.
Sente-se um herói moderno neste personagem?
É divertido. O superpoder dele é seu cérebro, é a razão, a dedução. Acho que você tem que ter cuidado, pois é fácil esquecer do que está fazendo. Estamos fazendo um filme de ação? Ou um mistério? As pessoas se perdem facilmente.
Gosta de fazer filmes de ação?
Tenho 46 anos e estou em boa forma, sou um artista marcial e tudo mais. Não treino porque sou obcecado com meu corpo, mas porque é a coisa certa pra mim. E você não quer se machucar, sabe? Eu não me machuquei neste filme, acho que fui mais esperto.
E no primeiro?
Ah, sim. Nocauteado. Eu lembro que, em uma cena, havia uma coreografia em que eu deveria estar aqui [gesticula para a direita] e então percebi que deveria estar ali [gesticula para a esquerda] e ele simplesmente me atingiu com tudo. O rapaz se sentiu péssimo, a mão dele era enorme, e me lembro de ir para o chão e sentir como se tivesse deixado meu corpo.
Você está prestes a ter um filho. Isso significa menos trabalho no futuro?
É interessante, conheço pessoas que são muito, muito ocupadas, mas que dão mais atenção aos seus filhos do que pessoas que estão em casa o dia todo. Então acho que é mais uma questão de qualidade, embora quantidade seja importante também. Tenho um filho de 18 anos, e adoro ser pai. O que acho que é provavelmente a coisa mais importante que você pode fazer. Fora o ato de fazer um filho [risos].
Houve boa química com Guy Ritchie e Jude Law?
Eu os amo. Eles são ingleses, são diferentes, sabe. Jude Law é tão talentoso, mas tão subestimado como ator. Não somos todos? Mas o engraçado é que eu sou um americano fazendo o papel do grande ícone britânico.
Começou a escrever uma autobiografia e desistiu?
Não desisti, devolvi o dinheiro. Percebi que não importa o quão divertido fosse, o quão catártico, todo jornalista pelo resto da minha vida diria “Sabe, você disse tal coisa em seu livro”. Então pensei, por que eu daria isso às pessoas?
Como compara seu passado com o momento em que vive agora?
Você terá que ler meu livro [risos]!
Conhece algum artista brasileiro?
Veja bem, esse é o problema, tenho uma educação incompleta. Assim que desci do avião pensei “Uau, isso é tão diferente”, e sempre pensei na América Latina como um lugar muito profundo, espiritual e livre. E é ótimo vir aqui e também ver que há… arrrr [faz barulho com a boca] comércio, e arrr turismo! Mas você pode ir a 45 minutos daqui e estar em uma floresta.
A parte ruim é que estou aqui para promover o produto. A parte da minha alma que normalmente estaria ligada está silenciada porque estou aqui a negócios. Antes eu fazia só a parte do prazer enquanto deveria fazer a parte de negócios. Mas se eu estivesse fazendo isso, não estaria dando essa entrevista [risos].
(3) Comentários
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É bem difícil acompanhar o que ele diz!… Bem excêntrico…
E um grande ator!
Eu não sabia q o Robert tinha se envolvido com drogas, e muito menos q ele fosse tão diferente do Iron Man. Mas no q isso importa, ele deu a volta por cima, e hj e o melhor ator,e diretor q eu já vi ou seja, eu o Amo, e ele e excelente p/ mim!!!!!!!!!!!!
Amei a entrevista , so tenho que a dizer que ele e demais !!! Amooo muito ele