Estante: Rose Marie Muraro, Melanie Klein, Baudelaire
A escritora e editora feminista Rose Marie Muraro em 1992 (Foto: Márcia Foletto)
Toda quinta, uma
seleção de lançamentos
curados pela Cult
[Os seis meses em que fui homem, Rose Marie Muraro]
“Quis escrever tudo o que sei sobre o mundo masculino para que os homens e mulheres possam compreendê-lo como eu o vi”. Neste ensaio originalmente publicado em 1990, a escritora, editora e feminista precursora refaz a sua trajetória como candidata a deputada federal na Constituinte de 1988. Uma análise rica de informação nos campos da antropologia, da arqueologia, da história, da política e da física. Autora de mais de 40 livros – entre eles A sexualidade da mulher brasileira -, Muraro (1930 – 2014) foi reconhecida em 2005 pelo governo federal como patrona do feminismo brasileiro.
Rosa dos Tempos, 304 páginas, R$49,90.
[Revisitando ‘Inveja e gratidão’, org. Priscilla Roth e Alessandra Lemma]
Psicanalistas integrantes da Sociedade Psicanalítica Britânica, Roth e Lemma se propõe a investigar a natureza dos conceitos trabalhados por Melanie Klein em uma de suas principais obras, publicada há mais de cinquenta anos. Em catorze capítulos, abordam temas como a inveja e a sua relação com a pulsão de morte, o ciúme, a destrutividade e a relação terapêutica negativa; o dilema teórico sobre a inveja e o narcisismo, o conflito entre a criança e o cuidado da mãe, entre outros temas.
Blucher, 384 páginas, R$ 85.
[O spleen de Paris, Charles Baudelaire]
O livro reúne anedotas, reflexões e epifanias do poeta francês, que dedicou seus últimos anos de vida a escrever poesia para além do verso, ou seja, a criar pequenos poemas em prosa. Inspirado por suas caminhadas pela capital francesa, retrata os pobres, as prostitutas, as crianças, os velhos e os cães sem dono que encontrou pelo caminho. Após As flores do Mal, publicadas em 1857 e 1861, Baudelaire quis responder com a máxima “concentração de espírito” aos “sobressaltos da consciência” e às “sugestões da rua”.
Editora 34, 128 páginas, R$ 46. Tradução de Samuel Titan Jr.
[Diásporas imaginadas – Atlântico Negro e histórias afro-brasileiras, Kim D. Butler e Petrônio Domingues]
Os historiadores Kim D. Butler (EUA) e Petrônio Domingues (Brasil), mostram como se configura, na teoria acadêmica e na prática ativista, a noção de “diáspora africana”. Apontam a relação entre intelectuais, instituições e lideranças como Marcus Garvey e a Frente Negra Brasileira, além do importante papel de artistas como Josephine Baker e do carnaval baiano que, ao transcriarem aspectos da cultura africana, redefiniram paradigmas político-culturais e sociais, forjando as feições das “diásporas imaginadas”.
Perspectiva, 360 páginas, R$ 69. Tradução de Mariângela de Mattos Nogueira.
[59: retratos da juventude negra brasileira, Edu Simões]
Fotógrafo há mais de quarenta anos, Edu Simões percorre as cidades de Belém, Brasília, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo para fotografar a juventude negra das periferias do país. São imagens que apresentam pessoas altivas, dotadas de identidade e subjetividade, contrariando certas tendências do fotojornalismo que associam imagens de jovens negros ao crime e à morte. “Optei por singularizar cada um dos jovens retratados, destacando-os como pessoas providas de identidade, potência e vida”, destaca o fotógrafo. 7
Bazar do Tempo, 152 páginas, R$ 98.