Estante: Lélia González, Nella Larsen e Xavier de Maistre

Estante: Lélia González, Nella Larsen e Xavier de Maistre
A pensadora Lélia González, cuja obra é lançada em setembro pela Zahar (Foto: Cezar Loureiro/Reprodução)

 

Toda quinta, uma seleção de cinco lançamentos literários


[Por um feminismo afro-latino-americano, Lélia González]

Com organização de Flávia Rios e Márcia Lima, o livro reúne textos escritos pela pensadora mineira entre 1979 e 1994. Além de ensaios consagrados, há entrevistas, artigos para a imprensa, traduções inéditas e outros textos que estavam dispersos até então. Filósofa, antropóloga, professora, escritora, fundadora do Movimento Negro Unificado (MNU) e feminista precursora, Lélia González deixou dois livros publicados: Lugar de negro (1982) e Festas populares do Brasil (1987)Esta é a primeira vez que a sua obra é reunida e publicada por uma grande editora. A edição da Zahar traz uma introdução crítica e uma cronologia da vida de González, uma das maiores pensadoras brasileiras do século 20. 

Companhia das Letras, 344 páginas, R$ 59,90

[A sociedade ingovernável: uma genealogia do liberalismo autoritário, Grégoire Chamayou]

Nesta obra, o filósofo francês investiga as origens do neoliberalismo, atribuindo-as à necessidade de controle da “sociedade ingovernável” dos anos 1970, quando a “revolta estava em toda a parte”. Essa “crise de governabilidade”, segundo o autor, preocupava principalmente o mundo dos negócios, que logo tratou de despolitizar empresas. A partir daí, surge uma nova forma de governar – ativa até hoje -, que alia liberalismo a autoritarismo. Grégoire Chamayou é um autor veterano, conhecido por seus livros de temáticas sociais, filosóficas e políticas. A sociedade ingovernável foi publicado na França em 2018.

Ubu, 416 páginas, R$79,90. Tradução de Letícia Mei.

[Viagem ao redor do meu quarto, Xavier de Maistre]

Obrigado a cumprir 42 dias de detenção em seu quarto após se envolver em um duelo, o conde e militar francês Xavier de Maistre decide escrever. Utilizando a situação a seu favor, cria uma obra irônica, em que parodia livros de intelectuais, narrando os mais diversos pensamentos que passam pela sua cabeça durante o período de confinamento. O livro foi publicado pela primeira vez em 1795 e é um clássico francês, pela sua sutileza autobiográfica. Nesta nova edição da Editora 34, há um posfácio do escritor espanhol Enrique Vila-Matas, que conta da sua relação com a obra.

Editora 34, 88 páginas, R$ 44,00. Tradução de Veresa Moraes.

[Identidade, Nella Larsen]

Originalmente publicado em 1929, este romance gira em torno da amizade entre Irene Redfield e Clare Kendry, duas mulheres negras de pele clara. Elas perdem contato durante a adolescência, mas se reencontram anos depois, em uma cafeteria em Chicago. Irene está casada com um médico e vive uma vida confortável no Harlem, onde organiza bailes para celebrar a cultura afro-americana. Clare está casada com um homem racista, não mora mais na vizinhança negra e procura esconder sua identidade racial. A partir dessas duas histórias, Larsen reflete sobre questões de raça, classe e gênero.

Harper Collins Brasil,  160 páginas, R$39,90. Tradução de Caetano Galindo. 

[Novas fronteiras do documentário: entre a factualidade e a ficcionalidade, Piero Sbragia]

Quanto de ficção há em um documentário? É essa a principal pergunta que se faz o jornalista, documentarista e professor Piero Sbragia no livro Novas fronteiras do documentário: entre a factualidade e a ficcionalidade. O autor, que dirigiu os filmes Em refúgio – um documentário sobre possibilidade, Descobrir: os criadores de Saci e Uma bala, aborda o processo de criação e desenvolvimento de uma obra documental e traz dez entrevistas com documentaristas brasileiros como Eliza Capai (Espero tua (re)volta) e Orlando Senna (Iracema: uma transa amazônica).

Chiado Books, 484 páginas, R$46. 


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