Estante CULT: Nelson Mandela, Angela Davis, Domenico Losurdo
O líder político Nelson Mandela, cujas cartas enviadas da prisão são reunidas em livro lançado pela Todavia (Foto Andrew Zuckerman/Divulgação)
“Quando eu nasci, meu avô já estava na prisão havia dezessete anos. Numa carta à minha avó, Winnie Madikizela-Mandela, escrita logo depois que ele completou sessenta e dois anos, ele lista as pessoas que lhe mandaram telegramas e cartões, incluindo minha tia Zindzi, minha irmã Zaziwe e eu, e as pessoas de quem ele tinha a expectativa e a esperança de receber notícias. ‘Até agora não recebi nem sequer uma das muitíssimas mensagens que amigos enviaram do mundo todo’, ele brinca. ‘Mesmo assim, é muito reconfortante saber que tantos amigos ainda pensam em nós depois de tantos anos’. É um dos muitos exemplos neste livro que mostram como a comunicação com o mundo exterior o amparou ao longo de seus vinte e sete anos de prisão, e quanto ele ansiava por essas cartas”. Com esta comovente recordação, começa o prefácio escrito por Zamaswari Dlamini-Mandela para a edição de Cartas da prisão de Nelson Mandela, uma vigorosa – e não menos dolorosa – reunião de correspondências que vem se somar à longa tradição da literatura epistolar no Ocidente e que ganha em português um belíssimo tratamento editorial por parte da Todavia.
Ainda de acordo com a atilada perspectiva da neta de um dos mais famosos presos de consciência do século 20, a seleção das cartas procura aproximar o leitor não somente da figura de um notório ativista e preso político, mas também de um homem comum, que desempenhava os papéis de advogado, pai, marido, tio e amigo, evidenciando como seu longo encarceramento, ao privá-lo da vida cotidiana, constitu
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