Estante CULT: Ésquilo, James Baldwin, Lina Meruane

Estante CULT: Ésquilo, James Baldwin, Lina Meruane
(Reprodução)
  “Um homem e um sátiro resolveram, de comum acordo, que a prévia convivência durante certo tempo decidiria da viabilidade de um pacto de amizade que se haviam proposto concertar. Mas, porque uma vez, com o bafo, o homem aquecia as mãos, e outra vez, com o sopro, as arrefecia, concluiu o sátiro que não seria possível pactuar com o ser que tinha em si mesmo a causa única de tão contrários efeitos.” Esta pequena fábula atribuída a Esopo, recontada pelo filósofo e filólogo luso-brasileiro Eudoro de Souza, trata da contradição do caráter do ser humano assinalada justamente por um sátiro, a criatura mitológica grega que traz a ambiguidade no próprio corpo – misto, assim, de caracteres antrópicos e trágicos. A partir do conteúdo central presente na imagem, uma tradição ancestral reivindica que a essência da tragédia reside no elemento contraditório, que se relaciona diretamente então ao elemento satírico. “O herói trágico”, afirma Eudoro de Souza, “nasce por metamorfose do herói épico, no momento em que a lenda heroica começa a apresentar-se e a representar-se no lugar e no tempo em que o sátiro grotesco entra no séquito de Dioniso”. Impossível pensar na tragédia ática sem nos defrontarmos com o chamado ciclo tebano, do qual fazem parte Édipo rei, Antígona e Édipo em Colono, de Sófocles; As suplicantes e As fenícias, de Eurípides; e Sete contra Tebas, de Ésquilo – a menos conhecida das tragédias esquilianas, que acaba de ganhar uma bela edição da Editora 34, traduzida por um notório especialista na lit

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