Estante CULT: Sheila Heti, Glauco Mattoso, Yehuda Amichai

Estante CULT: Sheila Heti, Glauco Mattoso, Yehuda Amichai
A escritora canadense Sheila Heti, autora de 'Maternidade' (Cia das Letras) (Foto: Divulgação)
  A DECISÃO DE UMA VIDA Em um dos momentos definidores desse romance híbrido de autoficção, ensaio e autoajuda sofisticada, a narradora, em crise com a ideia de maternidade, recebe de uma amiga um postal com uma pintura da impressionista Berthe Morissot, na qual uma mãe observa seu bebê. A amiga justifica, escrevendo no verso que as achou parecidas. Heti, com seu cinismo cômico mesclado de busca genuína pela verdade, responde que a mulher do quadro parece, isso sim, entediada. Como seu livro anterior, How should a person be? lançado em 2010 no Canadá, e elogiado com unanimidade pela crítica, Maternidade mostra uma autora original. Sem assumir claramente que está escrevendo sobre si mesma, ela coloca as dúvidas existenciais de sua vida na voz de uma narradora que tem tudo de seu humor e perspicácia. No caso, a questão é bem pontual: ter ou não ter filhos? Próxima dos 37, ela se tortura com o dilema hamletiano na sua versão uterina. Mas não recorre a fantasmas e sim a um esquema de perguntas similar ao do I Ching. As manobras para reverter as respostas do tipo “sim” e “não” são das partes mais engraçadas desse livro também sério, apesar da informalidade no tom. Em um de seus argumentos “contra”, ela afirma, num insight difícil de discordar: “Há algo de ameaçador em uma mulher que não está ocupada com os filhos. Uma mulher assim provoca certa inquietação. O que ela vai fazer então? Que tipo de problemas ela vai arrumar?” O BRASIL NO DIVÃ Doente de seu país, enojado com a violência, o golpe, o racismo,

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