Esquerdas no Brasil: história e tradições
Edição do mêsLuís Carlos Prestes em foto de 1959 (Arquivo Nacional/Fundo Correio da Manhã)
O que consideramos esquerda deve ser expresso no plural: diversos são os partidos, organizações e movimentos de esquerda. Alguns deles assumindo claramente seus objetivos revolucionários de abolir o capitalismo. Outros preferindo preservar o capitalismo, mas modificá-lo com reformas mais ou menos profundas.
Plurais e diversificadas em seus projetos políticos, há algo em comum que lhes dá uma identidade: a busca da igualdade social. Seguindo indicações de Noberto Bobbio, ser de esquerda é desejar viver em uma sociedade com maior igualdade entre os cidadãos.
Desde os primórdios da República no Brasil, surgiram organizações de esquerda que, defendendo ideias, crenças e valores, inventaram tradições que se tornaram socialmente aceitas e partilhadas. O objetivo do ensaio é refletir sobre algumas delas.
Inicialmente é importante ressaltar que a República foi instaurada no Brasil um ano após a abolição da escravidão. A categoria trabalho estava associada ao infame regime escravista. Na Primeira República (1889-1930), o trabalho não era reconhecido como algo dignificante – ao contrário. O ato de trabalhar era desvalorizado, sem reconhecimento político e social. Além disso, não havia legislação social. Longas jornadas de trabalho e salários ínfimos extenuavam homens, mulheres e crianças. A luta dos trabalhadores era dupla: por um lado, reivindicar leis sociais e aumentos salariais; de outro, lutar pela valorização do trabalho e do trabalhador.
É nesse contexto que, na Primeira República, surgiram organizações que lutaram pelos
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