Espinosa, Winnicott
Filho de judeus marranos portugueses refugiados em Amsterdã; excomungado e amaldiçoado por suas ideias religiosas, o filósofo Baruch de Espinosa não tem em comum com Sigmund Freud apenas sua origem judaica e suas críticas à religião. A filosofia de
Espinosa participara, indireta e mesmo diretamente, da origem da psicanálise. Espinosa está presente na própria história da psicanálise, com Nietzsche, por meio da origem do conceito freudiano do id (es, no original em alemão: isso). Na introdução de O ego e o id, Freud comunica ao leitor que este conceito lhe fora proposto por Georg Groddeck. Este, por sua vez, retirara a inspiração teórica para seu id da ideia de substância de Espinosa – a partir da leitura de Goethe, embora o termo “isso”, segundo o próprio Groddeck, seja tirado de Nietzsche.
Além disso, sua filosofia é – já em meados do século 17, pleno século do racionalismo e sendo o próprio Espinosa, à sua maneira, um racionalista, assim como Freud, no século do cientificismo triunfante, fora, à sua maneira, um adepto da Weltanschauung da ciência (como demonstra em O futuro de uma ilusão e Weltanschauung, Novas conferências introdutórias sobre a psicanálise) – uma Teoria dos Afetos, na qual Espinosa afirma, em Ética III, que o desejo é a essência do homem, de modo que não agimos conscientemente, embora o homem acredite que sim e a partir desta crença funde um sujeito da ação, o livre-arbítrio e o voluntarismo, puramente imaginários. “Os homens creem ser livres, por terem consciência de suas volições e
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