especial Walter Benjamin | Apresentação

especial Walter Benjamin | Apresentação
(Foto: Walter Benjamin Archiv)
  Em um escrito autobiográfico intitulado “Crônica berlinense”, Walter Benjamin atribui certa qualidade de seu estilo ao hábito de só escrever na primeira pessoa em cartas. Ora, sabemos que experiências subjetivas desempenham papel importante em muitos de seus textos, sobretudo na Infância berlinense. Neles, porém, o sujeito se cristaliza na imagem, deformado em construções enigmáticas que operam com materiais poéticos e conceituais. Bem diferente é o “eu” espontâneo, impregnado de vivências e urgências de suas circunstâncias cotidianas, que se desdobra numa intensa e extensa atividade epistolar. A edição alemã da correspondência reunida de Benjamin se estende por seis volumes, cada um com mais ou menos 500 páginas, e muitas de suas cartas se perderam. Esse formidável arquivo, quase todo inédito em português, manifesta as preocupações e impressões do filósofo em seu contexto biográfico e histórico. Além disso, esclarece aspectos significativos de seu pensamento e de seus posicionamentos éticos e políticos, endereçando-se também a um futuro, que é o nosso presente. Evocando a correspondência de Johann Wolfgang von Goethe numa carta de 19 de setembro de 1919, Benjamin situava a troca epistolar não na esfera das obras, mas no campo do testemunho, que mescla a vida do indivíduo e sua sobrevida como autor. Ele compreendia o interesse da correspondência para a posteridade como vida própria à historicidade do testemunho, que continua a se transformar em endereçamentos a futuros presentes. Nesse sentido, é signifi

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