especial A escola pública em impasse | Entrevistas
Ato em São Paulo, em abril, pela revogação do Novo Ensino Médio (Foto: Rovena Rosa/AB)
Você conhece a reforma do ensino médio aprovada no governo Temer? Há aspectos positivos nela? Quais? Há aspectos negativos nela? Quais?
Alexsandro Santos É importante situar a reforma do ensino médio como um momento de uma longa trajetória de tensões e contradições em torno dessa etapa da educação básica. O ensino médio tem uma história no Brasil de profunda exclusão. Ele não era ofertado para todo mundo no país durante os quatro primeiros séculos da nossa existência. Foi somente a partir da década de 1990 que nós começamos uma expansão das vagas do ensino médio para que todo mundo pudesse ter acesso a essa etapa da escolaridade. Isso aconteceu por força da Lei de Diretrizes e Bases da educação (LDB), de 1996, e por causa, depois, de emendas constitucionais para definir a educação básica como um direito e também a obrigatoriedade da escolarização para pessoas de 4 a 17 anos. Então, foi só no começo do século 21 que o Brasil assumiu de verdade o ensino médio como um direito universal e, portanto, comprometeu o Estado a democratizar o acesso a ele. Essa democratização está em processo, ela ainda não está concluída, e nós ainda temos adolescentes de 15 a 17 anos fora da escola e jovens e adultos que não concluíram o ensino médio. Mas houve sem dúvida uma veloz expansão de vagas nos últimos 20 anos, que se deu em um contexto de subfinanciamento, ou seja, sem o aporte de investimentos que seriam necessários para garantir a qualidade dessa oferta educativa. Nós não podíamos negar a democratização do acesso, mas el
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