Privado: Era uma vez…
por Ricardo Ramos
A literatura para crianças e jovens vai bem. Note-se aqui o cuidado em não usarmos os adjetivos “infantil” e “juvenil”. Os termos têm sido, algumas vezes, evitados por, de certa forma, reduzirem os textos. Muita gente, em vez de tomar as duas palavras como destino das obras para crianças e jovens, acaba confundindo e considerando os próprios livros como infantis e juvenis. Injustiça, pois cada vez mais encontramos uma literatura de altíssimo nível no segmento.
O primeiro livro digno de menção em nossa literatura para crianças e jovens foi publicado em 1919. Trata-se de Saudade, de Tales de Andrade. Embora encontremos nele o forte conservadorismo existente na época, a obra já traz dados interessantes, que permitem considerá-lo o pioneiro do gênero. A história do menino do campo que não se adapta à cidade grande é tratada de maneira comovente e lírica. Um pouco mais tarde, em 1920, Monteiro Lobato publicaria o seu A menina do narizinho arrebitado. No entanto, apenas em 1931, Reinações de Narizinho apareceria completo, com todos os ingredientes que tornaram o escritor de Taubaté o grande inovador que foi. A criança proposta por ele era diferente. Obediência não era considerada fundamental, o adulto podia ser contestado, aprendia-se de maneira lúdica, as melhores soluções eram encontradas pelos mais novos, serenos nos momentos de crise. Tudo isso vivido num mundo em que a imaginação era privilegiada. Quesitos importantes presentes, ainda hoje, nos melhores textos destinados aos jovens nos dias atuais.
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