Epílogo gaulês
Com seu longo histórico de influência francesa, o Brasil está em posição privilegiada para estabelecer diálogo criativo (Reprodução)
Não é novidade para ninguém o peso da influência da tradição francesa no processo de formação do nosso horizonte de pesquisa em ciência humanas. Atualmente, temos uma bibliografia significativa que visa dar conta da consolidação de tal processo, isso principalmente nas áreas de Filosofia e Teoria Literária. No entanto, há um longo trabalho ainda por ser feito no que diz respeito à reflexão sobre o destino e os possíveis desdobramentos dessa influência.
Um livro pioneiro nesse sentido talvez ainda seja Um departamento francês de ultramar, de Paulo Eduardo Arantes, com sua descrição do processo de aclimatação da vida universitária francesa e do posterior “desrecalque” que teria sido responsável pela autonomização de linhas de pesquisa locais. Mas um capítulo que ainda está para ser contado no interior desta história social das idéias concerne o impacto do que se convencionou chamar de “pós-estruturalismo”. Capítulo peculiar e animado por uma dinâmica própria.
O próprio uso da denominação “pós-estruturalismo” entre nós já indica um modo de recepção “mediado” da tradição francesa, pois “pós-estruturalismo” é, por mais sintomático que isso possa parecer, uma invenção anglo-saxã ou, mais especificamente, norte-americana. Desconhecido em uma França que sempre fez questão de ressaltar as distinções entre programas intelectuais em larga medida dissimétricos como os que animaram Jacques Derrida, Gilles Deleuze, Michel Foucault e Jean-François Lyotard, a cunhagem do termo pós-estruturalismo diz r
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