Em matéria escolar, gosto se define
Edição do mêsA escola, pequena miniatura da sociedade, contribui para a permanência da cultura dominante (Reprodução)
A cultura são os valores e significados que orientam e dão personalidade ao grupo social e, em uma sociedade capitalista como a nossa, fica difícil ouvirmos o termo “valor” sem que ele esteja associado a um bem capital.
No entanto, na metáfora de Bourdieu, esse capital não rende no banco nem paga a conta de energia elétrica no fim do mês, mas pode ser moeda de base para atestar ou não um destino bem sucedido.
Assim, enquanto para o pensador francês o capital cultural é uma metáfora que explica como a cultura em sociedade se divide em classes, o topo da pirâmide personifica a metáfora e preza pelo lastro que só acentua ainda mais as diferenças: “o cinema francês é chato”, “o ingresso do teatro é caro”, “o museu é de graça, mas eu não sei que graça tem naquele monte de rabiscos”... e de conceito em conceito o lastro fortalece a barreira e vai distribuindo de graça o mais do mesmo da cultura popular.
A cultura se transforma, assim, em instrumento de dominação, além disso, as classes dominantes impõem às classes dominadas sua própria cultura, dando-lhe um valor incontestável. Bourdieu percebeu essa dinâmica e a batizou de arbitrário cultural dominante, que nada mais é do que uma cultura se impor sobre outra.
E como tudo isso chega à escola, esse microcosmo social? Talvez da mesma forma, já que, ainda que dissimuladamente, a pequena miniatura da sociedade contribui para que essa cultura dominante continue sendo transmitida como tal, e dessa forma acaba favorecendo alguns alunos em detrimento de outros.
Os desfavor
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