Em busca de um teatro plástico
Marionetes na Ocupação Giramundo, no Itaú Cultural, em 2014 (Reprodução)
Em Sobre o teatro de marionetes e outros escritos, o dramaturgo Heinrich von Kleist (1777-1811), um dos grandes nomes do romantismo alemão, afirma “que pode haver mais graça numa articulação mecânica do que no corpo humano”. Companheiro de bardos, de contadores de histórias e de atores desde muito cedo (no Japão, os primeiros registros da apresentação de titereiros em espetáculos itinerantes datam do século 8), o boneco – seja ele uma marionete manipulada por fios e arames; seja um títere, ricamente vestido; seja ainda uma figura primitiva, esculpida à mão – confere às artes cênicas um caráter de fantasia e de inventividade muito difícil de ser alcançado por meio somente da exploração do corpo do ator.
No Brasil, as menções sobre as primeiras manifestações do teatro de bonecos – introduzido pelos colonizadores europeus nos séculos 16 e 17 – são exíguas e incompletas. Sabe-se, no entanto, que no nordeste ele esteve ligado às festas religiosas, enquanto que no sul, relacionou-se diretamente à atividade circense. No segundo volume da História do teatro brasileiro, dirigida pelo professor João Roberto Faria, os pesquisadores Ana Maria Amaral e Valmor Beltrame informam: “No final do século 19 e início do século 20, o Brasil recebe companhias de teatro de marionetes europeias profissionais que aqui estiveram em turnês pelos grandes centros e deixaram marcas por onde se apresentaram. Notórias foram as incursões dos Piccoli di Podrecca, em São Paulo, e da Companhia Automática do Régio Teatro San Martinia
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