Efabular histórias e recriar vidas

Efabular histórias e recriar vidas
A escritora Aline Bei (divulgação)
  Nos idos anos 1960, uma das discussões mais prementes era a da morte do autor. Roland Barthes, no conhecido ensaio “A morte do autor”, de 1968, já afirmava sobre a importância da figura do leitor e da própria obra, agora destravada e aberta sem a obrigação de uma presença autoral que lhe assine as regras. Por outro lado, Michel Foucault, em O que é um autor?, de 1969, a partir de reflexões filosóficas e fenomenológicas, questionava os métodos que ligam um texto a essa entidade externa a ele, propondo outros caminhos de interrogação, como as relações possíveis entre escrita e morte, diante da gradual desagregação do autor. Não à toa, em 1961, num diálogo giocoso entre Italo Calvino e Carlo Cassola (“Diálogo de dois escritores em crise”), o crítico italiano expõe as muitas crises da literatura, não apenas no cenário do seu país, mas num contexto amplo e universal. Interessante destacar que, apesar do sucesso de muitas áreas em conseguir captar a realidade através de seus mecanismos linguísticos, nenhuma delas conseguiu dar aquilo que a literatura oferece aos seus leitores. Segundo Calvino, aí reside a capacidade do romance de superar os cenários de crise e reinventar os seus próprios temas e estruturas, pois o romance é “uma planta que não cresce em território já explorado; precisa de terra virgem onde deitar suas raízes. O romance não pode mais ter a pretensão de nos informar sobre como é o mundo; deve e pode descobrir, porém, a maneira, as mil, as 100 mil novas maneiras em que nossa inserção no mundo se con

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