É tanta coisa que não cabe aqui

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É tanta coisa que não cabe aqui
Antonio Manuel, 'Ocupações/descobrimentos', 2015 (Foto: Beatriz Caillaux Oliveira)
  O objetivo deste artigo é retomar o diálogo com as obras dos três artistas que participaram da Bienal de Veneza de 2015, assumindo-as como um microcenário para discutir a arte contemporânea brasileira e sua dimensão política. Importante ressaltar de saída que a curadoria do pavilhão foi feita por mim e por Cauê Alves, ou seja, esse diálogo foi acontecendo desde o momento das escolhas dos nomes, ao longo do processo de preparação da exposição, e isso continua intensamente depois da inauguração. O que se segue a partir daqui é uma releitura do texto que foi escrito para o catálogo tendo em vista a experiência da montagem, da própria exposição realizada e sua recepção. Os três artistas pertencem a gerações e contextos artísticos distintos, mas enfrentam destemidamente as urgências do tempo presente. Antonio Manuel, Berna Reale e André Komatsu traduzem essa urgência com enorme liberdade poética e contundência plástica. “Todos os futuros do mundo” foi o título escolhido para a Bienal de Veneza de 2015 pelo curador Nigeriano Okwui Enwezor. Em uma conjuntura de incertezas, em que ameaças e conflitos disseminam-se desde a crise ambiental até a crise dos refugiados, passando pelas desigualdades gritantes entre ricos e pobres, não são boas as perspectivas em relação ao que podemos imaginar como futuros cabíveis. Naturalmente, o foco recaiu sobre o hoje e os impedimentos em relação à nossa abertura imaginativa, recaindo sobre a arte a pergunta sobre sua capacidade de sinalizar com alguma potência inventiva ao estado atual da

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