É Lula livre, e agora?

É Lula livre, e agora?
(Arte Revista Cult)
  É fato, Lula está solto e está nos braços do povo. E foi carnaval fora de época para uns e dias de fúria e consternação para outra parte. No que concerne mais diretamente às impressões coletivas, aos sentimentos públicos e às narrativas e interpretações que as constroem e justificam, destaco três aspectos. Primeiro, Lula é excepcional em carisma e charme. A notícia da soltura de Lula foi vivida por muitos como se o sol de repente aparecesse no meio de um temporal e todos lembrassem que a vida não precisa ser um pesadelo. E o Lula, que controlou inteiramente a dramaturgia da sua prisão e o roteiro do seu tempo em cárcere, igualmente comandou o teatro da sua soltura. Foi o espetáculo de Lula, sua pulsão de vida e sua vida pulsante junto à massa que o adora. Goste-se dele ou não, como ele não há outro.  Além disso, enquanto persona política, Lula saiu da prisão ainda maior do que entrou. A masmorra para Lula era o prêmio maior dos antipetistas, Lula em correntes, no projeto de Moro e de todos os que participaram da empreitada, era para assegurar a morte política de Lula, certificado publicamente como corrupto. Lula humilhado enquanto morrem a sua companheira de vida e o seu netinho, Lula, o nove-dedos, o cachaceiro, o ladrão, era para murchar e desaparecer das memórias e dos corações. Era pra Lula morrer, mas Lula não morre. Ao contrário, a perseguição, o conluio enfim documentado na Vaza Jato, a sensação de que no seu caso não houve Justiça mas um abuso vergonhoso de poder de uma facção política, a prisão, as hum

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