Du Bois, o Brasil e o pan-africanismo
Edição do mêsW. E. B. Du Bois dá palestra sobre o continente africano, em 1956 (University of Massachusetts Amherst/The W.E.B. Dubois Papers)
A América Latina e o Caribe são importantes para compreender o alcance da análise de W. E. B. Du Bois sobre o mundo moderno como constituído pela confluência de capitalismo, racismo e imperialismo. Desde o final do século 19, Du Bois discutia como o racismo nos Estados Unidos é uma estrutura social que desumaniza as pessoas negras e apontava como tal estrutura – nas suas palavras, a linha de cor – tinha caráter global. Nesse contexto, ele passou a estudar, escrever e publicar sobre o Brasil. Como uma das principais figuras do pan-africanismo, ele estava interessado em criar solidariedade internacional e cooperação entre os povos negros. No entanto, Du Bois promoveu a ideia de que o Brasil era um lugar sem racismo — o que, posteriormente, contribuiu para o mito da democracia racial.
Em 1914, por exemplo, Du Bois publicou uma crítica em The Crisis às observações de Theodore Roosevelt sobre o Brasil. De 1910 a 1934, Du Bois foi o fundador e editor de The Crisis, periódico oficial da Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor (NAACP em inglês), no qual incluiu traduções do espanhol e do português de autores latino-americanos. Contrastando as políticas segregacionistas dos Estados Unidos com a suposta abertura do Brasil à miscigenação e à mobilidade social, ele argumentava que não havia divisão racial no país sul-americano. Em 1915, repetiu essa análise no livro The Negro . No ano seguinte, o autor ainda estendeu tal descrição para toda a América do Sul. Naquele ano, os editores do The Baltimore Afro-American solicit
Assine a Revista Cult e
tenha acesso a conteúdos exclusivos
Assinar »