Privado: A DROGA NOSSA DE CADA DIA
O artigo abaixo foi publicado no Jornal Pioneiro de Caxias do Sul no suplemento Dialeto na semana que passou semana a propósito do meu livro Sociedade Fissurada escrito em parceria com a Andréa Costa Dias
A droga nossa de cada dia.
Quando usamos a expressão “drogas” estamos falando de um objeto tratado por todos nós como o maior tabu de nossa época. Temos medo das “drogas” e, por isso, agimos com duas posturas básicas em relação a elas. Em primeiro lugar, evitamos falar sobre o tema como se, pelo silêncio, ele pudesse se desmanchar no ar. Em segundo lugar tratamos as drogas como “o mal”, o flagelo que atinge aqueles que são “fracos”, que “não tem cabeça boa” ou “andam em más companhias”.
Com o uso genérico do termo “drogas” acobertamos a complexidade da vida das substâncias sobre as quais sabemos pouco ou quase nada. Transferimos o problema da “relação” para as drogas “em si mesmas”, como se elas fossem a causa de algum mal do qual nós seríamos apenas as vítimas. A nossa relação com as drogas é ampla, muito maior do que imaginamos, mas não gostamos de saber disso. Costumamos defender ou atacar substâncias diversas em função de medos obscuros que podem ocultar também interesses nada claros.
Raramente nos ocupamos em questionar o que estamos fazendo com as chamadas drogas em uma escala social e não apenas individual. Em relação à elas somos, antes de mais nada, moralistas e preconceituosos. Costumamos confiar na psiquiatria, bem como nas neurociências como campos que detém o saber sobre a vida das
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