Dossiê Feminismo marxista | Apresentação

Dossiê Feminismo marxista | Apresentação
“Enquanto as mulheres não forem livres as pessoas não serão livres”, pôster feito em serigrafia na década de 1970 pelo coletivo feminista inglês See Red Women's Workshop, cujos trabalhos ilustram este dossiê
  Nos dois últimos anos, a crise econômica, política e social instalada no país desde 2018 foi agravada pela pandemia de covid-19, que matou milhões de pessoas ao redor do mundo e mais de 600 mil no Brasil. Deixando de lado a nefasta atitude do poder executivo no trato da pandemia, é interessante ressaltar como ficou visível a importância das atividades ligadas à preservação da vida, em escala privada ou pública. Comprovaram-se o tempo, a competência e a dedicação exigidos para providenciar e preparar alimentos, limpar a moradia, cuidar da roupa, educar, assistir os doentes. A somatória desses trabalhos tem sido conceituada por feministas marxistas como reprodução social: um conjunto de tarefas essenciais para a continuidade de cada humano e da espécie, logo, da própria sociedade, e que o patriarcalismo designa como “trabalho de mulher”, uma espécie de “não trabalho” invisibilizado. A introdução das políticas neoliberais a partir da década de 1970 começou por solapar as conquistas do Estado de bem-estar social em várias democracias europeias, ao mesmo tempo que a privatização de empresas estatais reduziu os investimentos em equipamentos sociais, especialmente no setor da saúde e da educação, com especial prejuízo para as mulheres, que, via de regra, são as responsáveis pelas crianças e jovens. Além disso, o neoliberalismo não apenas acirrou as tendências inerentes ao capitalismo, como aumentou de forma exponencial o volume de meios de produção e ativos financeiros nas mãos de poucos e reduziu a esmagadora maioria

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