Do jeans ao mito

Do jeans ao mito
Claude Lévi-Strauss teve que se refugiar em Nova York, após a ocupação nazista na França (Foto: Éditions de L'Herne)
  Em Nova York, onde se refugiara para escapar da ocupação da França pelos nazistas, aquele que se tornaria o maior antropólogo do século 20 se divertia quando o confundiam com seu homônimo famoso, o criador da marca de jeans. Mas também seria na metrópole americana, com seu caldo de culturas e etnias único, que um desconhecido Claude Lévi-Strauss, vivendo de aulas esporádicas e bicos na rádio Voice of America, iria de fato se transformar em antropólogo. Sua trajetória, do anonimato ao sucesso acadêmico e midiático, está no centro da biografia Claude Lévi-Strauss – O Poeta no Laboratório (Objetiva), do australiano Patrick Wilcken, que sai no Brasil um ano após ter provocado polêmica quando de seu lançamento em inglês. O autor retoma as críticas feitas pela escola anglo-americana de antropologia, que via em Lévi-Strauss um etnógrafo pouco atento ao trabalho de campo e tendendo a aplicar interpretações generalistas a culturas muito específicas. Um dos alvos dos ataques, segundo Wilcken, eram os quatro volumes das Mitológicas (o último, O Homem Nu, sai no Brasil em novembro, pela Cosac Naify). A ponta de lança dessa vertente deriva do antropólogo Clifford Geertz (1926-2006), para quem Tristes Trópicos (Companhia das Letras) é um livro retórico e de pouco valor científico. O paradoxo é que a estada de Lévi-Strauss em Nova York foi decisiva para sua formação. Em suas incursões diárias à biblioteca pública da cidade, teve contato com as obra dos americanos Alfred Kroeber e Franz Boas – este o grande inspirado

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