Divisão sociossexual do trabalho: a esfera da produção e da reprodução
“O trabalho de uma mulher nunca acaba” (1976), pôster em serigrafia (Arte: See Red Women's Workshop)
Compartilhamos da definição de divisão sexual do trabalho utilizada por Danièle Kergoat, para quem as situações de homens e mulheres não são produto de um destino biológico, mas sim construções sociais, pois homens e mulheres são mais do que indivíduos biologicamente distintos. Eles pertencem a dois grupos engajados em uma relação social específica: relações sexuais sociais. Como todas as relações sociais, elas também têm uma base material, dada pelo trabalho, e são explícitas na divisão social do trabalho entre os sexos, ou seja, a divisão sexual do trabalho.
No entanto, entendemos que é necessário ampliar essa definição, pois as construções sociais não dizem respeito apenas a dois grupos – homens e mulheres –, mas também compreendem as mais variadas dimensões nelas existentes, como raça, etnia, comunidades LGBTQIA+s, questões geracionais etc. Por isso adotamos a categoria da divisão sociossexual do trabalho.
Assim, pressupomos que a divisão sociossexual do trabalho é parte constitutiva das relações sociais de gênero, entendidas como relações desiguais, hierarquizadas e contraditórias, seja pela exploração da relação capital/trabalho, seja pela dominação masculina sobre a feminina, seja pelo preconceito de raça/etnia ou pela sexualidade. Essa divisão, portanto, expressa a articulação fundamental entre produção e reprodução, permitindo-nos abordar as dimensões objetivas e subjetivas, individuais e coletivas existentes tanto na esfera do trabalho assalariado como na esfera do trabalho reprodutiv
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