Diário de uma obsessão

Diário de uma obsessão
Klaus Kinski em Fitzcarraldo, de Werner Herzog, 1982 (Divulgação)
  Em junho de 1979, quando começou a escrever o diário que daria origem ao livro Conquista do inútil, o alemão Werner Herzog tinha 36 anos. Ao lado de diretores como Rainer Werner Fassbinder e Wim Wenders, era considerado um dos principais representantes do “novo cinema” que surgira em seu país ainda na década de 1960. Aguirre, a cólera dos deuses (1972), O enigma de Kaspar Hauser (1974), Stroszek (1977) e Nosferatu (1979) já haviam consolidado o seu prestígio internacional. O destemor próprio da juventude e a ambição que havia demonstrado em seus primeiros longas se alimentaram desse momento favorável para atirá-lo no que seria uma aventura sem paralelo em sua carreira: as filmagens de Fitzcarraldo – O preço de um sonho (1982). Projeto de altíssimo risco que poucos cineastas teriam a coragem (ou a insanidade?) de desenvolver, o longa-metragem narra a história de uma obsessão: a de um visionário (ou maluco?) disposto a construir uma casa de ópera no coração da Floresta Amazônica. Pode-se ter uma ideia do que representou essa odisseia simplesmente assistindo ao filme, cuja cena mais impactante mostra um navio arrastado ao longo de uma montanha para alcançar, do outro lado, um rio. Pode-se também assistir a Burden of Dreams (1982), rodado pelo documentarista Les Blank (1935-2013) durante as filmagens. Nada se compara, entretanto, ao incrível relato de Herzog no diário em que registrou o cotidiano de sua própria obsessão, a de levar esse projeto impossível até o fim. “Cada um por si e Deus contra todos”, a frase ouvida por ele n

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