Diários de Bento Prado Júnior
Bento Prado Júnior em Maintenon, Franca, em 1972 (Arquivo de família)
A família de Bento Prado Júnior franqueou os arquivos digitais do filósofo e professor aos cuidados de Vladimir Safatle, editor deste dossiê e organizador de sua obra. Durante a consulta desse farto material, além de conferências e aulas, Safatle encontrou também o registro de um diário inédito. Trata-se de um documento que veicula reflexões e ideias, oferecendo ao leitor o processo de criação de um dos mais importantes intelectuais do país. A CULT publica, com exclusividade, as anotações desse diário
São Carlos, 2/I/2000
Duas questões interligadas: uma relativa à ideia de compreensão tout court, outra, relativa à compreensão de uma obra filosófica: p. ex., a filosofia do 2º Wittgenstein.
Por que essa ligação?
Essa ligação valerá se, como penso agora, todo o problema do 2º Wittg. consiste em saber como fica (dada a complementaridade necessária entre compreensão e sentido) a ideia de sentido, se, como se “verificou”, a significação em geral não pode ser esgotada apenas com a ideia de forma lógica universal.
No Tractatus a coisa é simples. Veja-se a prop. 4.026: “The meanings of simple signs (words) must be explained to us if we are to understand them. / With propositions, however, we make ourselves understood” (se não me engano, em alemão é wir verständlisches machen). Digamos, a compreensão de um “nome” exige um tráfico real entre dois sujeitos empíricos (uma intersubjetividade dada de facto): se não me contassem que fulano é fulano, jamais poderia antecipar seu nome; como reconhecer fula
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