Descentramentos do olhar: performance desde as dissidências
Espetáculo 'Gordura Trans', de Miro Spinelli (Foto: Latitude Filmes)
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Este texto é dividido em duas partes escritas, respectivamente, por Miro Spinelli e Stéfano Belo. Escolhemos esta estrutura de modo a dar espaço para que as diferentes textualidades propostas por cada um de nós encontrassem lugar. Cada uma delas, no entanto, se abasteceu de leituras da outra, criando uma complementariedade que, apesar de inconclusa, convoca o leitor a traçar suas próprias pontes, numa operação bastante similar às experiências performativas sobre as quais nos debruçamos.
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Em fevereiro deste ano (2017) estive em Cuiabá para o evento Políticas culturais: diversidades e direitos, no SESC Arsenal, onde performei gordura trans #13 / gordura localizada #5. A performance integra o projeto performativo continuado e seriado Gordura Trans, que tem eixo central na performance e desdobramentos em diversas mídias. Até então foram realizadas treze peças, entre ações ao vivo, fotografias, texto e instalação. Neste percurso o projeto explorou a materialidade e a subjetividade do corpo gordo e suas intersecções com gênero através da pesquisa com diferentes materiais gordurosos e sua potência de transformação de presença da performer.
Em um debate que aconteceu no dia seguinte à performance, uma mulher tomou a palavra e disse o seguinte, que cito de memória: “Peço desculpas pela forma simples como vou falar, mas eu queria te parabenizar e dizer que fiquei muito impressionada com a performance. E não foi por você estar nu, pela forma como seu corpo é ou por você ter se coberto de óleo. O que me impressionou foi
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