De Chico Buarque a Manoel de Barros, 5 indicações culturais de Mia Couto
O escritor moçambicano Mia Couto, que lança o romance 'O bebedor de horizontes' (Foto: Pedro Soares/ Divulgação)
Autor de livros como Terra sonâmbula (1992) e O último voo do flamingo (2000), o moçambicano Mia Couto é um dos escritores mais conhecidos da língua portuguesa na contemporaneidade. Em abril, ele chega ao Brasil para uma série de eventos de lançamento do seu mais recente romance, O bebedor de horizontes (Cia. das Letras), terceiro da trilogia As areias do imperador – que o levará para o Rio de Janeiro (no dia 10), para Belo Horizonte (12), para Curitiba (14) e também para São Paulo (16).
O autor já esteve no país muitas outras vezes antes, inclusive para lançar os dois outros volumes de sua trilogia, Mulheres de cinzas (2015) e Sobras da água (2016) – ocasiões em que deixou claro seu apreço pela cultura nacional. Para além da língua e de um passado de colônia portuguesa, ele compartilha com os brasileiros algumas de suas referências mais caras: Chico Buarque, Manoel de Barros e Guimarães Rosa.
À CULT, Couto fez cinco breves indicações de livros, canções e um conto que resumem seu universo criativo particular e, em suas palavras, mantêm “vivo o sonho”:
CULT – Se pudesse ter escrito um livro brasileiro, qual seria? Por quê?
MIA COUTO – Um livro seria muito. Mas um conto, sim. E seria A terceira margem do rio [de Guimarães Rosa, publicado em 1962], porque nele está o mistério todo do mundo. Não é um texto “brasileiro”. Esse pai que se extingue no rio acontece em todos os lugares, em todos os tempos.
Que autor ou autora você gostaria de ter conhecido? O que você diria a ele ou ela?
Manoel de Barros. Contar-lhe-ia o modo como o meu pai, igualmente poeta, me levava, em criança, a recolher pequenas pedras brilhantes nas bermas das linhas férreas. Ali, entre poeira e cinza, estavam as desvalidas coisas que fundamentam o olhar poético que reencontrei na poesia de Barros.
Quais são as obras de arte que melhor explicam o mundo?
Não sei se a arte quer explicar o mundo. Existe uma canção em que está a história toda da humanidade. A canção chama-se Geni e o Zepelim [de Chico Buarque, lançada em 1978].
A sua inspiração vem também da música? Quais as canções que o inspiram?
A valsinha (1961), de Chico Buarque. Um homem, uma mulher e uma praça bastam para “explicar” o amor. Essa aparente simplicidade é uma lição.
Que livro seu você dedica ao Brasil da atualidade?
Terra sonâmbula [de 1991]. Pela necessidade de manter vivo o sonho.
Mia Couto no Brasil
Rio de Janeiro: 10/04, 19h30, na Livraria da Travessa Leblon (Avenida Afrânio de Melo Franco, 290)
Belo Horizonte: 12/04, 19h30, na Casa Fiat de Cultura (Praça da Liberdade, 10)
Curitiba: 14/04, 16h, Livrarias Curitiba no Shopping Talladium (v. Pres. Kennedy, 4121)
São Paulo: 16/04, 19h, no Teatro Porto Seguro (Alameda Barão de Piracicaba, 740)
(3) Comentários
Que lástima que Mia Couto não venha a Porto Alegre. Amei o livro dele Terra Sonâmbula e me emocionei por ele tê-lo dedicado ao Brasil.
Excelentes indicações….eu acresceria O CORONEL E O LOBISOMEM, de José Cândido de Carvalho, Escritor maravilhoso e pouco lembrado no Brasil…
Maravilhosa essa entrevista com esse grande Escritor Mia Couto. Além do mais as citações que faz em seu conhecimento profundo do trabalho de Chico Buarque!