Das placas tectônicas às folhas de papel e mais

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Das placas tectônicas às folhas de papel e mais
Recompor o estado mais anterior e primevo das coisas e dos seres é o que pretende a poeta Mariana Basílio em Pangeia: A etimologia do ser. Através da palavra, tudo é convertido em proto, em elemento fundante, uno novamente, como a enorme massa continental sugerida pela primeira vez no século 20 pelo meteorologista alemão Alfred Wegener: Pangeia. Toda essa investigação geológica do ser convida o leitor a um lento retroceder no tempo histórico em um movimento de observação plural e não linear dos acontecimentos e objetos essenciais à vida humana no que eles apresentam de mais arcaico e imemorial: “Um berço foi antes tronco, antes toca”. Passando por tempos e espaços muitas vezes radicalmente opostos, Basílio lança mão de elementos ensaísticos agregados à sua poesia para tensionar as crises do nosso tempo, como a guerra em Gaza e o evidente vazio presente no interior das ferramentas de inteligência artificial. Essa “etimologia do ser” que a autora propõe reflete um desejo profundo de agregar tudo, como os continentes são agregados na Pangeia: uma única massa de terra comum banhada por um mar comum. A partir disso, sua poesia se constitui como uma cartografia de elementos múltiplos e sobrepostos, em muitas camadas. (victor kutz) Os livros dão mais vida à vida “O utilitário nunca basta. Talvez sejamos, antes de tudo, animais poéticos, pois os humanos criam obras de arte há mais de 40 mil anos, bem antes de inventar a moeda ou a agricultura”, lembra a antropóloga Michèle Petit ao narrar uma visita a um museu no texto que

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