Pop inspira números de dança do Cultura Inglesa Festival

Pop inspira números de dança do Cultura Inglesa Festival
Foto do espetáculo "Imagine", do Cultura Inglesa Festival, inspirado na canção de John Lennon (Foto: Maria Tuca Fanchin)

 

Nos dois espetáculos de dança do Cultura Inglesa Festival o corpo é político. “Slowsoul” traz uma mistura de ritmos e batidas que busca “usar o corpo negro como campo de batalha para conseguir sobreviver nesse mundo”, conforme explica o idealizador Allyson Amaral. Já o espetáculo “Imagine” é baseado na canção do ex-Beatle John Lennon e propõe um momento de liberdade e imaginação sem barreiras. A repórter de dança e curadora Iara Biderman explica a importância desse tipo de iniciativa para a produção artística crítica. “Aqui, e em qualquer parte do mundo, toda forma de incentivo e patrocínio é fundamental para a dança. E a dança, como toda a arte, é fundamental para o mundo. Hoje, mais do que nunca neste país, precisamos de editais como o do Cultura Inglesa Festival.

Torpor

Entre os dias 30 de maio e 2 de junho, a batida é lenta. A peça “Slowsoul” é um projeto contemporâneo cuja premissa é a desaceleração. “É uma reunião de soul, rock progressivo e jazz. Quis transmitir esse torpor da música, então criei algo mais lento. É uma espécie de retomada do corpo”, conta Allyson Amaral, idealizador da peça. Uma das principais referências usadas por ele é a obra do rapper britânico Tricky. Após uma pesquisa extensiva, Allyson encontrou, nas canções do artista, paralelos com sua própria realidade: “ele é um negro que viveu na periferia de Bristol; eu também vim da periferia.” A partir desse ritmo, Allyson buscou referências de danças urbanas, e encontrou a “Jookin Dance” (dança de rua originária em Memphis). “Queira usar o corpo negro como campo de batalha para conseguir sobreviver nesse mundo”, explica o artista. A coreografia de “Slowsoul” não tem uma narrativa linear, com começo meio e fim. É uma sobreposição de camadas de ritmos, luzes e movimentos que se intercalam, entre suave e intenso; rápido e devagar. “A ideia é criar relações entre os elementos [iluminação, coreografia, música e figurino], e a narrativa nasce dessa mistura”, finaliza Allyson.

Pausa para sonhar

Tendo como referência principal a canção de John Lennon “Imagine”, a segunda atração do Festival, que acontece entre os dias 6 e 9 de junho, pretende instigar a plateia a imaginar, sem limites. As idealizadoras Beatriz Sano e Julia Rocha convidaram a poeta Angélica Freitas e o artista visual Fabio Morais para desenvolverem o texto da obra, baseando-se na pergunta “como seguir imaginando dentro do contexto atual?”. A curadora Iara Biderman ressalta que o show “parte da canção quase clichê de John Lennon para construir novas interpretações, verbais e não verbais, da música. Estamos falando de arte contemporânea, então acho que não dá para escapar de tudo o que é do aqui e agora. Mas, se é arte, não se restringe ao ‘politizado’. Dança é manifestação, como toda arte. Pode ser resistência sempre que leva a novos olhares sobre o mundo e as formas de existir nele, sobre as subjetividades, sobre os discursos estabelecidos e as interpretações únicas.”

Serviço 23º Cultura Inglesa Festival

Quando? De 24 de maio a 16 de junho de 2019
Quanto? Entrada Gratuita
Programação e informações no site:  https://cultural.culturainglesasp.com.br/

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