Criar o poder popular

Criar o poder popular
(Arte Andreia Freire)
  Se aceitarmos que o Brasil vive o término do ciclo histórico da Nova República, teremos que admitir que um dos principais sintomas de tal esgotamento é o fim de toda possibilidade de governo. O Brasil é hoje um país ingovernável. Enganam-se aqueles que veem tal impossibilidade de governo como resultado de falhas institucionais sanáveis através de um conjunto pontual de reformas políticas que afetariam, principalmente, os processos eleitorais. Não, o Brasil não precisa de uma “reforma política”, mas de uma refundação institucional. A Nova República nasceu de um sistema de pactos e paralisias que não existe mais. Ela foi a forma maior de uma era de acordos e conciliações que perpassaram nossos últimos trinta anos. Nesse sentido, nosso dito presidencialismo de coalização não foi uma distorção institucional própria a uma democracia parlamentar incipiente. Ele foi a expressão mais bem acabada de uma necessidade de fato, a saber, a necessidade de submeter todo ímpeto político de transformação às amarras de um sistema de alianças que visava moderar e limitar, paralisar e travar. Assumir que o Brasil saiu do horizonte histórico da Nova República implica compreender a natureza das tarefas políticas que se colocam atualmente para nós. Se não é possível mais governar o Brasil, então há de se aproveitar o momento e insistir na necessidade de superar uma noção de governo baseada na representação, na constituição de corpos técnicos do Estado e em um sistema de balança entre três poderes. É fato que tal chamado

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