Contra o espírito do tempo

Contra o espírito do tempo
A filósofa Olgária Matos e o teólogo Francisco Catão (Divulgação)
  A filósofa Olgária Matos e o teólogo Francisco Catão falam sobre educação, cultura, mercado e religião. CULT: A sociedade civil tem manifestado preocupação com as ingerências de grupos religiosos em debates públicos. O poder religioso é realmente uma ameaça à política brasileira e à formação dos cidadãos ou haveria alguma possibilidade de aliar religiosidade, democracia e educação? FRANCISCO CATÃO Há essa segunda possibilidade se se entender por democracia um regime de governo em que a sociedade, as associações e as pessoas atuam em instituições estrutural e efetivamente ordenadas ao bem público, na liberdade e na fraternidade. Não vejo objeção a que se possa aliar com a democracia a busca individual e/ou comunitária do sentido transcendente de toda vida humana, pessoal e social, a que devem visar toda cultura e religião dignas desses nomes. Nessa perspectiva, a educação, tirocínio e espelho da cultura, nada mais é do que o conjunto de meios empregados na consecução desse mesmo objetivo: a capacidade e a disposição de pessoas e grupos para viver em sintonia com o que dá sentido à vida. Por outro lado, a educação não pode ser considerada uma simples questão ética, embora envolva ineludíveis princípios éticos. Na sua base antropológica e nos seus processos, ela diz respeito ao conjunto da vida humana, pessoal e social. O Estado laico, a fim de garantir o direito de todos, precisa reconhecer isso, ainda que negativamente, não interferindo senão subsidiariamente nessa esfera da vida pessoal e social que o trans

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