Chile, 11 de setembro de 1973
Tumulto em Santiago durante demonstração em favor da greve dos mineiros, em junho de 1973 (Foto: Armindo Cardoso/Biblioteca Nacional de Chile)
O dia amanheceu lindo e ensolarado na terça-feira, 11 de setembro de 1973. Como uma coincidência simbólica, nuvens escuras foram se formando à medida que os aviões de guerra atacavam o Palacio de La Moneda em voos rasantes sobre a cidade indefesa. Ao longo da manhã, rádios democratas foram ocupadas uma a uma. No meio da tarde, a junta militar começou a fazer suas declarações. Estado de sítio, fuzilamentos sumários, denunciem os estrangeiros. Para evitar que os soldados se recusassem a matar seus próximos, as tropas foram deslocadas de maneira que em Santiago estavam os recrutas do sul do país. Um lencinho os identificava, e aquele detalhe me pareceu macabro pois a estampa era de ursinhos infantis.
Durante dez dias, todos os voos internacionais foram suspensos para deixar a violência sem testemunhos externos. Foram dias de pavor, de notícias de sequestros e fuzilamentos em massa, pois os “inimigos” eram os moradores pobres das poblaciones, ocupações de terra muito bem organizadas e que levavam o nome de heróis e heroínas da esquerda. O método era simples: as pessoas eram obrigadas a sair das casas, que eram derrubadas por enormes escavadeiras. Depois, alguns fuzilamentos e prisões.
Havia no país uma escassez de telefones e a proibição de circular impedia contatos ou deslocamentos. Quando algumas horas do dia foram liberadas para circulação, começou também a fuga para as embaixadas.
O país que nos acolhera e que amávamos, o país que fora el asilo contra la opresión para milhares de exilados políticos sul-americanos most
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