Privado: Candura

Privado: Candura
Ela brincava silenciosamente com suas bonecas, imaginando-as como se estivessem na praia junto de seus companheiros, com quem eram sinceras e afetivas. Parecia que o universo todo estava de bem, parecia que ela também estava lá, no que era, para ela, o paraíso. Ouviu gritarem seu nome através das paredes ocas do que já não mais funcionava como uma casa de família. Soube que era hora de ir. Largou-as. Tudo o que imaginara e sentira se desfez, assim como o tempo que veio para desgastá‐la e levar com ele toda a alegria infantil de se entrar num universo aparentemente perfeito. Quando chegou ao cômodo onde se encontrava a dona daquela voz inconfundível que ecoara anteriormente dentro da velha fundação, a garota já estava devidamente adornada. Ao lado da mulher, havia um homem alto, magro, com cabelos grisalhos. Ele se aproximou e disse: – Vamos? – Ela simplesmente acenou com a cabeça e o acompanhou até o quarto mais próximo. Lá dentro, ele a despiu e sentou-se ao seu lado na cama. Permaneceram imóveis por pelo menos 20 minutos. Somente ele falava, ela apenas concordava com o que devia ser concordado e negava o que devia ser negado. Passado esse tempo, ele a beijou e deu‐se assim o início. Deixou uma única lágrima escorrer por sua maçã do rosto, sem que ele percebesse. Terminados aqueles angustiantes momentos para a menina, ele perguntou: – Quanto é mesmo? – Ela respondeu tímida, porém imediatamente: – Mil duzentos e cinquenta. – Ele estava satisfeito, entregou-lhe o valor estipulado, vestiu-se e foi embora. Ela passou o dinhe

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