Bolsonaro e o método na loucura
(Arte Revista CULT)
Ele espicaça o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), injuriando a morte de seu pai, nas malhas da ditadura; sugere um indulto para tirar da cadeia policiais condenados por homicídio e estimula os que estão na rua a matarem mais. Ofende a esposa do presidente da França, insulta a memória do pai da ex-presidente do Chile, faz piadas grosseiras pelas redes sociais e convida diuturnamente ao confronto quem a ele se opõe. Não faz esforço para esconder os desejos de vingança, mesmo que isso revele o maltrato escancarado ao princípio da impessoalidade.
Nenhuma espécie de crítica é suportada. Interfere nas escolhas de seus subordinados e demite os que hesitam em defender sua ideologia, seu rancor e, principalmente, seus filhos. A guilhotina já funcionou para um renomado economista do mercado, um cientista laureado e diversos generais que ele reintroduzira no cotidiano da administração. Emparedado, sempre sobe o tom e dobra a aposta. Afinal, jacta-se, “Eu sou o Johnny Bravo, porra”. A esta altura, parte de seu bloco de apoio procura se desgarrar com a perspectiva de um naufrágio. Liberais arrependidos, intelectuais que despertaram do sono da razão, candidatos a xerifes e uma série não desprezível de políticos oportunistas. Nada, no entanto, o faz atenuar a virulência dos discursos, a contundência de suas acusações, o destempero indecoroso das reações públicas.
Para muitos, Bolsonaro é uma besta-fera sem controle. Incapaz de conter instintos agressivos, tende a desmontar, por inabilidade política ou insanidade, os cons
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