Exercício de escrita
(Arte Revista CULT)
O exercício é seu, não meu. Ao menos a proposta é esta: que você pegue papel e caneta, mas pode ser um dispositivo eletrônico também. Título: “Se eu fosse eu”. Quem você seria se você fosse você, este é o tema.
Evoco Clarice Lispector, como costumo fazer nos cursos livres e laboratórios de escrita que facilito: “Quando eu não sei onde guardei um papel importante e a procura revela-se inútil, pergunto-me: se eu fosse eu e tivesse um papel importante para guardar, que lugar escolheria? Às vezes dá certo. Mas muitas vezes fico tão pressionada pela frase ‘se eu fosse eu’, que a procura do papel se torna secundária, e começo a pensar, diria melhor sentir. E não me sinto bem. Experimente: se você fosse você, como seria e o que faria?”
A crônica publicada em 1968 no Jornal do Brasil compõe A descoberta do mundo. Como amo Clarice cronista! E este texto, como alguns outros, foi narrado por Aracy Balabanian e está disponível no YouTube. Outra preciosidade.
Se não for confortável o exercício, saiba que é assim mesmo. “Logo de início se sente um constrangimento: a mentira em que nos acomodamos acabou de ser movida do lugar onde se acomodara”, segue Clarice.
Incentivo que você continue a escrever e leve o desafio às diversas situações da vida. Se você fosse você e existisse um golpe em curso no Brasil, o que você faria? Ou se soubesse que todos os dias 63 jovens negros são exterminados, o que você faria, se fosse você? E se no estado de São Paulo fosse registrado um feminicídio a cada quatro dias? Se você
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