Bandeiras no tempo
Vista geral da exposição Bandeiras na Praça Tiradentes (Foto Eduardo Coelho)
Era um dia quente e ensolarado de fevereiro de 1968. Algumas semanas mais tarde, a ditadura militar completaria quatro anos e a morte do estudante Edson Luís Lima Souto em conflito com a Polícia Militar, em frente ao restaurante universitário Calabouço, no Rio de Janeiro, deflagraria uma série de protestos populares duramente reprimidos pelo regime. Em junho, a Passeata dos Cem Mil, realizada no centro da cidade, traria em meio à imensa massa humana faixas de tecido com palavras de ordem como Abaixo a Ditadura – O Povo no Poder, como mostra uma famosa foto de Evandro Teixeira publicada no Jornal do Brasil. Em reação às manifestações populares, o General Costa e Silva decretaria em dezembro o Ato Constitucional n. 5, que mergulharia o país nos chamados Anos de Chumbo.
A uma semana do carnaval, no dia 18 de fevereiro, as pessoas presentes na praça General Osório, em Ipanema, zona sul do Rio de Janeiro, dificilmente poderiam prever as proporções que o terrorismo de estado tomaria a partir de então no país. Elas participavam do happening Bandeiras na Praça General Osório, realizado por um grupo de artistas do Rio de Janeiro e de São Paulo: Nelson Leirner, Flávio Mota, Carlos Scliar, Hélio Oiticica, Carlos Vergara, Rubens Gerchman, Glauco Rodrigues, Anna Maria Maiolino, Petrina Checcacci e Cláudio Tozzi, entre outros. Fotos do mesmo Evandro Teixeira para o Jornal do Brasil mostram várias das bandeiras feitas pelos artistas para a ocasião, penduradas em varais ou em árvores. Estava lá a famosa Seja Marginal/Seja Herói de Hélio Oiticica,
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