As muitas traduções de um orfeu político
(Foto: Tânia Rêgo / Agência Brasil)
Rua da Imprensa, centro do Rio de Janeiro. O trânsito é confuso, as pessoas circulam aflitas entre os automóveis, que buzinam sem parar. Elas tentam driblar algumas motocicletas, atravessam fora da faixa, param nas lotéricas para fazer uma fezinha e entram em botecos para comer um sanduíche de pernil e tomar um refrigerante. Calor, apesar do inverno que se anuncia com cariocas de bermuda e moletom da cintura para cima. No quinto andar do número 16, as pessoas são atenciosas, mas o ambiente não é nada moderno. É típico de uma repartição pública. Biombos de madeira, sofá de couro escuro, uma mesinha anos 60 cheia de folhetos e um cafezinho já adocicado, servido numa xícara de porcelana. Na parede, um relógio enorme marca três horas em ponto. A porta abre-se e lá vem ele, para uma conversa que começa entre mineiros, falando da pequena Ponte Nova, e vai ganhando ares de modernidade quando o papo engrena. A sala é ampla, a mesa de reuniões é enorme, alguns livros nas estantes e uma mesa de trabalho transbordando de papéis, todos arrumadinhos. Ele é Francisco Bosco, 38 anos, recém-empossado presidente da Funarte. Filho do cantor e compositor mineiro João Bosco, de Dois pra lá, dois pra cá, O bêbado e a equilibrista e o samba Plataforma, entre muitos outros. Francisco Bosco começa a conversa em off, falando da infância, quando ia muito a Minas Gerais. Hoje, ele é casado com Antonia Pellegrino, pai de Iolanda e Lourenço, personagens do seu último livro – Orfeu de bicicleta –, que foi parar na lista dos mais vendidos da revista Veja. P
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