As ciências, a razão e a Desconstrução
O filósofo Jacques Derrida (Reprodução)
Em geral, quando se fala de ciência, alguns qualificativos parecem se repetir sem que sejam propriamente questionados em seu uso corrente ou seu sentido. Assim, correntemente ouvimos falar de “verdade” científica, “descoberta” científica, de “avanço” ou de “progresso” da ciência. Em geral, não se questiona muito o que podem significar “verdade”, “descoberta” ou “avanço” nesses casos; em geral, a ciência é pensada como um processo de conhecimento que, em seu progresso, descobre a verdade do mundo que nos cerca, e explica, paulatinamente, a realidade que somos e na qual nos encontramos.
Mas será isso mesmo a ciência? A discussão é rica, diversificada e extremamente viva entre os chamados filósofos da ciência. Mas não apenas: pensadores dos mais diversos matizes, assim como cientistas das mais diversas áreas, se debruçam e se debruçaram sobre a questão: afinal, como pensar a ciência?
Jacques Derrida é sem dúvida um desses pensadores que buscou responder à “questão ciência” com acuidade e amplitude, refletindo sobre suas origens, premissas e história, num movimento de questionamento que busca situar a ciência moderna no âmbito dessa herança mais ampla que nos constitui e que se chama “Ocidente”. Não é evidentemente o único a fazê‑lo com essa envergadura, claro. Outros grandes pensadores também propuseram – e propõem – respostas para a “questão ciência”, e Derrida sabe, e o diz explicitamente, que é tributário dos caminhos abertos por, dentre outros, Husserl e Heidegger, que, antes de
Assine a Revista Cult e
tenha acesso a conteúdos exclusivos
Assinar »