As bases de uma consciência preta
O ativista anti-apartheid e líder estudantil Steve Biko (Arte Fernando Saraiva / Revista Cult)
Voo 1055 com destino a Congonhas cancelado. Por entre os gritos e risos da classe média barulhenta, sigo na leitura de Steve Biko. Eu faria isso no avião, ou em casa ou no hotel. Tudo bem fazer no aeroporto. Na verdade, pode ser que eu dormisse no avião. Em casa seria interrompida, certamente. Melhor o aeroporto. “O papel do branco liberal na história do preto na África do Sul é bem curioso. A maioria das organizações pretas estavam sob a direção de brancos. Fiéis à sua imagem, os brancos liberais sempre sabiam o que era bom para os pretos e diziam isso a eles. O mais incrível é o fato de os pretos terem acreditado neles durante tanto tempo.” Teria Biko ouvido sobre intelectual branco da zona oeste paulistana querendo fazer trabalho de base nas periferias? Exu! De quem a flecha atirada hoje acerta ontem o bicho.
Meia para aquecer os pés, mesmo ficando ridículo com a Melissa, mas estou confortável. A caixa de Bis que comprei para a praia e sobrou na bolsa pelo tanto de biscoito Globo e mate que botei para dentro foi boa companhia. Biko escrevia ao voltar de suas excursões pelas universidades sul-africanas. Por que não escrevi depois da viagem a Madri e Zaragoza? Tomei notas, pensei em fazer relatório para as companheiras, mas fui tragada. Abre o computador na fila da remarcação do voo mesmo. Menos ridículo escrever apoiada no carrinho de bagagem que as conversas dessa gente raivosa na fila.
Tive um sonho essa noite. Com a escritora Cidinha da Silva e a deputada eleita Áurea Carolina. Elas ensinavam coisas para mulheres. Era um re
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