A arte do povo pelo povo
Mural “Aquário urbano”, do artista urbano Flip, é pintado em empenas cegas de prédios do centro de São Paulo (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)
Nas últimas décadas, ainda sob o regime da ditadura militar, vimos emergir à revelia dos padrões um importante movimento artístico que vale o título deste artigo.
As artes urbanas no Brasil passaram da total marginalidade, forjada por aqui em meados dos anos 1970, para tema de importantes discussões sociais, acadêmicas e políticas, rompendo concretamente não apenas com a estética das grandes cidades, como também com o modelo das políticas públicas e privadas no que tange à real democratização do acesso às artes e às culturas.
Em um esforço para traçarmos um breve e, ao mesmo tempo, complexo recorte sobre o vazio cultural e artístico, no qual estamos metidos enquanto nação, e a distância abissal entre os discursos e as realidades dos “Brasis”, recorremos à publicação da Unesco “Preliminary Report on Museum Statistics”, Paris, 1958.
Segundo o referido documento, que tem por base quantitativos disponibilizados no Anuário Estatístico do Brasil, realizado pelo então Conselho Nacional de Estatística entre 1947 e 1952, apenas 0,7% da população brasileira teve acesso aos museus.
Passados 26 dirigentes entre o Estado Novo, a República Populista, a ditadura militar e a Nova República, certamente poderíamos imaginar um cenário totalmente distinto hoje, hipótese essa que se choca com as profundas estruturas que ainda nos cercam.
Segundo o Relatório do Formulário de Visitação Anual (FVA) do Instituto Brasileiro dos Museus (Ibram), entre 2014 e 2020 apenas 1% da população teve acesso aos museus. Crescimento de
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