Arquitetura e utopia
Edição do mês
Operários na construção de Brasília, 1958 (Arquivo Nacional/Fundo Correio Da Manhã)
No ensaio “Progresso antigamente” (1981), Roberto Schwarz reflete sobre o envelhecimento da ideia modernista pelo prisma da arquitetura, ao se debruçar sobre os escritos de arquitetos modernos brasileiros, de Gregori Warchavchik a Sérgio Ferro, passando por Rino Levi, Lúcio Costa, Oscar Niemeyer e Vilanova Artigas. Também aparecem Mário de Andrade e Oswald de Andrade, que se entusiasmaram, cada um à sua maneira, com a emergência do novo estilo e apostaram na sua capacidade de renovar os modos de habitar e projetar uma nova sociedade. O ensaio percorre assim um debate arquitetônico que vai das origens das ideias modernistas, nos anos 1920, até a crise do movimento moderno, nos anos 1970.
Meio século de ideias e projetos que condensam o desejo de um país periférico de se sintonizar com as vanguardas, forjar uma arquitetura própria, afirmar uma identidade nacional e enfrentar seus desafios urbanos e sociais. O salto prometido foi enorme, e a frustração pela queda das expectativas é evidente. Para o crítico, o conjunto desses escritos não apenas ilumina as tensões do projeto modernizador em arquitetura, como também constitui um verdadeiro balanço de um impasse histórico. Esse impasse, marcado pelo desmoronamento de ilusões, acaba por reposicionar a crítica estética.
A elaboração do pensamento crítico de Schwarz se inscreve em um amplo esforço intelectual, voltado a decifrar, pelas formas estéticas, a lógica contraditória da modernização brasileira. É nesse horizonte que sua reflexão sobre Machado de Assis ocupa lugar centr
Assine a Revista Cult e
tenha acesso a conteúdos exclusivos
Assinar »





