Privado: Aristóteles e o enigma do tempo
Fernando Rey Puente
Na Antiguidade, podemos destacar alguns pensadores, tais como Platão (429-354 a.C.), Aristóteles (385-322 a.C.), Plotino (205-270) e, no âmbito cristão, Agostinho (354-430), que escreveram importantes reflexões acerca do tempo. As reflexões de Aristóteles influenciaram profundamente os debates a respeito desse tema ao longo da história da filosofia, seja para reafirmar sua posição, adaptando-a a outro contexto cultural (tal como ocorreu na Idade Média), seja para recusá-la, ainda que reconhecendo sua importância (como no caso contemporâneo de Henri Bergson ou de Martin Heidegger).
Em sua obra intitulada Física, especificamente nos capítulos 10 a 14 do quarto livro, encontra-se aquele que ficou conhecido como o “tratado do tempo”. Aí, o tempo é analisado no âmbito da categoria da quantidade, diferentemente da Ética Nicomaqueia, por exemplo, que faz referência ao tempo considerado qualitativamente.
Física é a obra na qual Aristóteles institui uma ciência dos entes naturais. O livro I dessa obra estuda a noção mais genérica de devir, visando recuperar e ao mesmo tempo superar as posições filosóficas dos estudiosos da natureza que nós hoje denominamos de pré-socráticos. O livro II apresenta uma determinação maior do devir, dividindo-o em dois grupos: o devir dos entes naturais (a natureza) e o devir dos entes fabricados (a produção). O objetivo de Aristóteles no livro II é definir o que são entes naturais. Ele os define ao afirmar que entes naturais são aqueles que têm em si mesmos e por si mesmos o princ
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