Monogamia em crise
Tela “A noiva” (1918), de Gustav Klimt (Reprodução)
Explosão de sinos, trompas, tambores, tenazes e caldeirões se alternam com buzinas de sons desafinados: o objetivo é denunciar, principalmente, a relação extraconjugal da mulher. É uma algazarra ritual e os insultos constituem o próprio costume. A dimensão de denúncia do charivari matrimonial, na Idade Média (séculos 5 ao 15), é constante, expondo o casal à chacota pública, e acompanha o casamento como uma sombra. O ataque à não monogamia ocorreu em vários outros momentos da História, antes e após esse período.
Paredes cobertas por inscrições e mensagens públicas eram comuns na Roma Antiga. Denunciavam as relações que as esposas tinham fora do casamento. Até o final do século 1 a.C., um marido tinha o direito legal de matar a esposa no ato, caso ela fosse apanhada em flagrante.
Homens tendo relações extraconjugais com concubinas, cortesãs e efebos (jovens rapazes) era comum na Grécia, século 5 a.C. A única proibição era a esposa de outro cidadão. Isso não era aplicado a quem dispunha de recursos ou influência. Mas, de maneira geral, todo aquele que fosse surpreendido com uma mulher casada podia escapar, no melhor dos casos, pagando uma multa e, no pior, pelo infame costume do rapanismós: era enfiado, em público, um rabanete no seu ânus.
O marido levava a chave quando saía. O século 14 assistiu à invenção do cinto de castidade, conhecido como florentino. Se o dinheiro podia ser trancafiado, por que não fazer o mesmo com a genitália das esposas? O cinto consistia numa estrutura de metal, que passava entre as c
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