A complexa relação entre o artista e a crítica musical
Às 11h30 da manhã, teve início o debate sobre a produção musical contemporânea e a crítica especializada durante o . O escritor e editor do caderno Link (do jornal O Estado de S. Paulo) Alexandre Matias, o diretor de redação da revista Rolling Stone Pablo Miyazawa e o músico Zeca Baleiro conduziram uma mesa divertida com mediação do crítico de música da Folha de S.Paulo Marcus Preto.
“Não sei se no Brasil pode-se dizer que há uma crítica especializada em música popular”, observa Zeca ao falar sobre a multiplicidade de referências que compõem a musicalidade brasileira. Em relação à preparação do crítico para escrever sobre determinado artista e resenhar seu disco, houve consenso entre os palestrantes de que é preciso ter referências. Além de uma intimidade com o universo musical.
Zeca citou o exemplo de um jornalista que havia resenhado um disco seu há alguns anos e, que, segundo ele, não sabia nada de música. Foi então que o artista enviou a ele uma caixa com 10 CDs que considera essenciais da MPB.
“Cabe ao crítico cultural entender o contexto em que o artista vive”, esse deve ser o principal critério segundo Alexandre. Dessa forma, a crítica se expande para além das fronteiras musicais e passa a analisar o artista como um todo.
(1) Comentário
Não posso deixar nenhuma impressão muito profunda porque simplesmente não leio crítica musical. Quando se trata de música eu simplesmente ouço e gosto ou não. Para descobrir novos artistas ou novos discos vou procurando dentro da história da música e conversando com pessoas que considero capazes de me indicar algo que possa ser relevante. É um processo 100% pessoal.
Indo ao que interessa, o debate foi extremamente divertido e reflexivo. Gostaria de ter ouvido mais a respeito do “fim das gravadoras” e saber melhor o que artistas como o Zeca Baleiro acharam do fenômeno e como se adaptaram. Se foi bom ou ruim para ele, mas ainda assim foram discutidos temas relevantes, mesmo eu não lendo este tipo de crítica, como já disse.
Neste final, quando o Zeca Baleiro falou dessas bandas medíocres de forró, tenho que dizer que concordo inteiramente com ele, pois não se trata do gênero ou do fato de ser um produto pré-frabricado para agradar e atrair multidões, mas sim o fato de terem letras realmente vazias e que insultam a inteligência. Aliás, meu filtro principal é esse: a música não deve insultar minha inteligência, fora isso, mesmo que eu não goste, sou capaz de tolerar.
É extremamente difícil definir o que insulta a inteligência ou não, afinal, cada um tem seu conceito a respeito do que seja sua inteligência e daquilo que seja ofensa, mas é assim que tento balancear as coias. Mas, como já disse Tom Zé, não abro mão de ser humano e ter meus defeitos e um deles é começar a criticar algo que eu sou capaz de tolerar, mas que não me agrada, quando alguém começa a exaltar demais algo que eu acho que deveria ser simplesmente descartado após o uso.
Quero ainda dizer que concordo com essa onda de “estrelismo”, em que todos querem saber da pessoa e não da obra, seja algo ruim e que está realmente indo para um caminho perigoso. As pessoas perderam muito suas identidades próprias e vem buscando por elas nos artistas, que por mais geniais que sejam (mesmo aqueles que EU considero geniais) ainda são apenas pessoas e são extremamente defeituosos. Nem precisa citar aqui o caso de algum grande nome da arte que teve uma vida ou um fim trágico, não servindo de modelo, enquanto modelo de pessoa a ser seguido (também subjetivo), a ser seguido por ninguém, mas que mesmo assim teve sua arte reconhecida. Hoje temos gente ruim produzindo arte ruim e um público gigantesco consumindo. Trágico.
Talvez tenha saído um pouco do foco, mas era isso o que eu tinha a dizer.
Abraços, parabéns à CULT pela organização das palestras e mais obrigado ainda por disponibilizá-las na internet, pois morando no interior do Triângulo Mineiro, não teria como assistir presencialmente.
Abraços!