Antigas e alegres lições

Antigas e alegres lições
O escritor Jean Starobinski (Foto: Divulgação)   Em 'A tinta da melancolia - Uma história cultural da tristeza', Starobinski traça história das doutrinas e tratamentos medicamentosos da "depressão melancólica"   Que o leitor não se engane: este belo estudo das expressões da melancolia não é obra de ironista, embora o próprio autor a tenha apresentado de um modo que pode surpreender: ora como o avesso, ora como o contrário de seu assunto. Ela provém, de fato, de suas atividades médicas, estudos literários, pesquisas estéticas, meditações filosóficas. Obra de paciência. Se ela se coloca à escuta demorada de documentos que se escrevem com a tinta da melancolia, a história cultural da “tristeza profunda” se transcreve, por sua vez, nos aprimoramentos de uma paixão dominante, “a alegria do saber”. Graças à tradução de Rosa Freire d’Aguiar, o leitor brasileiro pode conferir o resultado: de um lado, ele aponta para outro livro que Starobinski lançou no ano passado, ainda sem tradução em língua portuguesa e anunciado com o título La littérature et la beauté du monde; de outro lado, põe em evidência a força crítica dessas vozes melancólicas que, estendendo um jogo de espelhos às culturas do Ocidente, terminam por exibir trincas no predomínio supostamente maciço dos “poderes estabelecidos”. Coletânea de textos aparentemente esparsos, na verdade são percursos mesclados de um projeto que Starobinski veio realizando de 1960 a 2012: uma história das doutrinas e tratamentos medicamentosos da “depressão m

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