Amor, culpa e repetição em busca de reparação
Desenho de paciente não identificado de Melanie Klein, década de 1920-30 (Foto: Wellcome Collection)
O entendimento do mundo materno infantil, por Melanie Klein, contribui para compreender a personalidade adulta com seus núcleos infantis. A estrutura arcaica das emoções infantis, datadas de um período pré-verbal, persiste ao longo de nossa existência, interferindo diretamente em nossa vida.
Vida e morte, bom e mau, amor e ódio, ataque e reparação dominam a vida desde o início. O bebê kleiniano é confrontado pela experiência interna das pulsões de vida e de morte, com as exigências instintivas satisfeitas ou não, com o prazer proporcionado pela satisfação e com o desprazer e a agressividade decorrentes da frustração. O mundo interno é habitado por objetos envolvidos numa dinâmica destrutiva, invejosa e funcional. No início, não há separação entre o que o bebê pensa e o que sente.
A autora descreve características que o ego assume em relação a seus objetos através de duas posições. Essas posições implicam angústias, fantasias, mecanismos de defesa e nível de estruturação do ego muito particulares, que se organizam e se alteram ao longo da vida como forma de dar sentido às experiências vividas.
O superego severo está primordialmente ligado às frustrações na experiência com a mãe, quando predominam a avidez, a voracidade, o ódio e as angústias persecutórias. A mãe/seio é deformada pela fantasia de um perseguidor terrificante. Com o movimento de integração do ego, que coincide com a integração do seio bom/seio mau, surge a culpa e a necessidade de reparação do objeto amado que foi atacado e danifica
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