Agamben e o lugar da poesia

Agamben e o lugar da poesia
(Arte Revista Cult / Divulgação)
  Poesia e mito, poesia e violência, poesia e potência são relações incontornáveis para quem quer se aproximar do pensamento de Giorgio Agamben. É na relação entre essas instâncias que as teorias da linguagem e da modernidade na obra do filósofo italiano se instauram. Entre tantas “dívidas” (uso esse termo a partir do conceito heideggeriano, das Schuld, a dívida, com o qual Agamben estabelece sua relação com a filosofia da negatividade do filósofo alemão) com as quais o pensamento de Agamben se constrói, interessa aqui relembrar para este propósito de abrir o lugar da poesia na obra desse filósofo que a transfiguração literária do poder decisório é o eixo teórico e analítico com o qual Walter Benjamin compreendeu a arte barroca, isto é, momento de instituição da literatura que se opera na tensão includente-excludente entre mito e escritura, entre força coletiva e experiência individual. E será com a poesia de Baudelaire que essa relação tornar-se-á o centro da reflexão sobre a modernidade, inclusive para Walter Benjamin e Giorgio Agamben, leitores da poesia de Baudelaire. Mito e literatura são as faces da mesma modernidade. Ao reler Baudelaire, Agamben ressalta a singularidade da poesia na sua tentativa sempre mal fadada de recuperar, mediante o uso da força coercitiva do mito, a autoridade da experiência perdida, pois a literatura passa a ser analisada e também lida com base em coerções, leia-se também aí o mercado e a imprensa. Dessa forma, modernidade e decadência, compreendidas estas senão como trânsito, movi

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